quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A Breve Era de Hobsbawm




Há poucos dias o mundo perdeu uma de suas mais importantes referências na área histórica,crítica, entre tantas outras.Com seu grande legado fica até difícil definir uma só característica para o excepcional Eric John Ernest Hobsbawm, nascido no dia 9 de junho de 1917, o qual lamentavelmente faleceu em 1 de Outubro de 2012, no hospital Free Royal de Londres, acometido de pneumonia.

Nasceu no Egito ainda sob o domínio britânico, e tinha por isso, nacionalidade britânica.Hobsbawm, que teve seu nome alterado por erro de escrituração, era filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês, e Nelly Grün, austríaca,ambos judeus.Teve uma irmã chamada Nancy. Passou os primeiros anos de sua vida em Viena e Berlim. Nessa época, tanto a Áustria quanto a Alemanha sofriam com a crise econômica e a convulsão social, consequências diretas da Primeira Guerra Mundial.Em 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, Hobsbawm mudou-se para Londres. Já havia nesse período iniciado seus estudos sobre as obras de Karl Marx. Fugindo das perseguições nazistas, mas também por ter ganhado uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge, Hobsbawm formou-se em História.

Eric Hobsbawm foi professor de História na Universidade de Londres e da New School for Social Research, de Nova Iorque. Além de membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências, era eterno militante de esquerda e membro do partido comunista britânico, sempre utilizava o método marxista da luta de classes para suas análises históricas. Hobsbawm escreveu sobre os mais diversos temas, revelando domínio dos fatos e surpreendentes interpretações. Dedicou-se ao estudo do século XIX, que considera como iniciado com a Revolução Francesa, em 1789, e encerrado com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914. O que resultou na publicação de clássicos da historiografia sobre o período: Era das Revoluções (1789-1948), Era do Capital (1848-1875) e A Era dos Impérios (1875-1914). Em seguida, vieram, então, as análises do que chamou de “o breve século XX”. O livro A Era dos Extremos trouxe-lhe ainda mais reconhecimento por se tornar uma das obras mais lidas e indicadas sobre a recente história da humanidade.

Traduzidos em centenas de países, estes quatro livros - abrangendo o período da era das revoluções até o breve século 20 - tornaram-se parte da bagagem obrigatória não apenas dos estudantes de humanidades, mas de um público bem mais amplo. Fui “um antiespecialista em um mundo de especialistas, um intelectual cujas convicções políticas e obra acadêmica foram dedicadas aos não-intelectuais”, escreveu em Tempos Interessantes – seu mais recente livro, publicado em 2002, no qual discorre sobre o século XX e relaciona os fatos históricos com a trajetória de sua vida , considerado uma autobiografia diferenciada, e que até hoje virou um paradigma de como deveriam ser escritas todas as autobiografias. “O perfil do bom historiador não pode se parecer nem com o carvalho e nem com o cedro, por mais majestosos que sejam, e sim com um pássaro migratório, igualmente à vontade no ártico e no trópico - e que sobrevoa ao menos a metade do mundo.” Ao escrever isto em 2002, Hobsbawm talvez estivesse descrevendo sua própria trajetória. Com a sua, desaparece um dos mais brilhantes historiadores de nossa época e talvez o último daquela primeira geração de marxistas, todavia uma mostra de seu vasto conhecimento pode ser conferida nas suas mais de 15 obras publicadas, clássicos que flutuam pela história, economia, sociologia, um prato cheio para diferentes públicos saborearem.



Referências:


A vida e a obra de Eric J. Hobsbawm, artigo publicado pelo historiador Elias Thomé Saliba.  http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1161962-historiador-eric-hobsbawm-morre-aos-95-anos-em-londres.shtml

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